The Hanging Gardens of Morro da Babilônia
By Natasha Augusto Barbosa
Universidade Federal Do Rio De Janeiro
Laboratório História E Natureza Labhen Ufrj
English version (Portuguese below)
The Mutirão Reflorestamento project is an initiative of the city of Rio de Janeiro implemented in the late 1980s. This project is an offshoot of a previous project, Mutirão, which aimed to urbanize favelas with the help of the residents’ workforce. of the communities served. Reforestation becomes part of this main project with the purpose of recovering and maintaining the vegetation cover of the city’s slopes, contributing to the promotion of biodiversity, in addition to controlling the expansion of slums.
One of the favelas covered by the project was Morro da Babilônia, located in the Leme neighborhood, close to Copacabana, which during the 17th century housed fortifications to prevent invasions of the city. The intensification of the occupation of this region and the recognition of the hill as a favela dates back to the beginning of the 20th century, a period of great urban transformations in the city of Rio de Janeiro. During the process of occupation of the hill, the Atlantic forest gave way to the colony grass, and the instability of the soil, associated with heavy rains, caused the community to experience tragic episodes, with human and material losses, in this way, the relationship of the favela with a biophysical environment for a long time was crossed by fear.
In 1995 the reforestation project was installed in the favela of Morro da Babilônia. The basis of the reforestation project in slums is the cooperation of the residents of the areas served, both for the knowledge of the region, of the people, as well as for the subsequent support for the maintenance of the plantations. There were attempts at reforestation carried out by private companies, however, in slum areas it did not prove to be a viable option for decoupling from the space. Even so, this is an alternative for regions where reforestation cannot be implemented with local participation. The preparation of the soil and planting of tree seedlings carried out by the Mutirão Reflorestamento in Morro da Babilônia was completed in 2000, and then maintenance of the reforestation began.
The residents who participated in this work together with forestry engineers, agronomists and biologists from the city of Rio de Janeiro did not have employment relationships, and to remedy this instability the Municipal Environment Department (SMAC) and the Labor and Employment Department encouraged the creation of a reforestation cooperative, thus, the Cooperative of Workers in Reforestation and Provision of Services of Babilônia Ltda, COOPBABILÔNIA was born. From that moment on, reforestation was the responsibility of the cooperative, formed and managed by the residents of the favela, with technical support from SMAC and with private partnerships and incentives.
Mutirão Reflorestamento remains active, protecting and planting throughout the city of Rio de Janeiro. The project reconciled social and environmental initiatives, helped to strengthen and create a new vision of local identity, in the face of the complex interaction between favela and city.
Residents of the Morro da Babilônia favela are proud of the project, its success has become a tool for defending the plantations. They recognize the improvements in the environment, which has become safer in the face of the impacts of rains, reduced the occurrence of landslides, improved the microclimate, and gradually restores the Atlantic Forest ecosystem, but even with the success of the project and the resurgence of this forest urban, the opposition between favela and city does not end.
Reforestation in Morro da Babilônia is a successful model that can be improved and replicated according to other local needs and realities. The Reforestation Mutirão is a way of reflecting and acting on the urban space in dialogue with the environment, recognizing the positive interaction between communities and public authorities.
Mutirão Reflorestamento obtained national and international recognition, such as selection in the UN Megacities Project in 1990, composing the publication Environmental Innovation for Sustainable Mega-Cities: Sharing approaches that work, and the Projeto Modelo award by the Society for Ecological Restoration in 1999, among others. In more than thirty years of reforestation, the project was reproduced in 92 neighborhoods, more than 10 million seedlings were planted on hills and slopes in the city of Rio de Janeiro.
Portuguese:
O projeto Mutirão Reflorestamento é uma iniciativa da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro implementada no final da década de 1980. Este projeto é um desdobramento de um projeto anterior, o Mutirão, que objetivava a urbanização de favelas com auxílio da força de trabalho dos moradores das comunidades atendidas. O reflorestamento passa a integrar este projeto principal com o propósito de recuperação e manutenção da cobertura vegetal das encostas da cidade, contribuindo para promoção da biodiversidade, além de controlar a expansão das favelas.
Uma das favelas contempladas pelo projeto foi o Morro da Babilônia, localizado no bairro do Leme, próximo à Copacabana, e que durante o século XVII abrigou fortificações para impedir invasões à cidade. A intensificação da ocupação desta região e o reconhecimento do morro como uma favela, remonta ao início do século XX, período de grandes transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro. Ao longo do processo de ocupação do morro a mata atlântica deu lugar ao capim-colonião, e a instabilidade do solo, associada as fortes chuvas, fizeram com que a comunidade vivesse episódios trágicos, com perdas humanas e materiais, desta forma, a relação da favela com meio biofísico durante muito tempo foi atravessada pelo medo.
Em 1995 o projeto de reflorestamento foi instalado na favela do Morro da Babilônia. A base do projeto de reflorestamento em favelas é a cooperação dos moradores das áreas atendidas, tanto pelo conhecimento da região, das pessoas, bem como, pelo posterior apoio a manutenção dos plantios. Houve tentativas de reflorestamento realizado por empresas privadas, porém, em áreas de favelas não se mostrou uma opção viável pela desvinculação com o espaço. Ainda sim, esta é uma alternativa para regiões onde o reflorestamento não pode ser implementado com participação local. O preparo do solo e plantio das mudas de árvores feitos pelo Mutirão Reflorestamento no Morro da Babilônia foi concluído no ano de 2000, e em seguida foi iniciada a manutenção do reflorestamento.
Os moradores que participaram deste trabalho em conjunto com engenheiros florestais, agrônomos e biólogos da prefeitura do Rio de Janeiro, não possuíam vínculos empregatícios, e para sanar esta instabilidade a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) e a Secretaria de Trabalho e Emprego, incentivaram a criação de uma cooperativa de reflorestamento, assim, nasceu a Cooperativa de Trabalhadores em Reflorestamento e Prestação de Serviços da Babilônia Ltda, COOPBABILÔNIA. A partir deste momento o reflorestamento estava a cargo da cooperativa, formada e gerida pelos moradores da favela, com apoio técnico da SMAC e, com parceria e incentivos privados.
O Mutirão Reflorestamento continua ativo, protegendo e realizando plantios por toda a cidade do Rio de Janeiro. O projeto conciliou iniciativa social e ambiental, colaborou para o fortalecimento e uma nova visão da identidade local, frente a complexa interação entre favela e cidade.
Os moradores da favela do Morro da Babilônia têm orgulho do projeto, o seu sucesso se tornou ferramenta para defesa dos plantios. Eles reconhecem as melhorias no ambiente, que se tornou mais seguro diante aos impactos das chuvas, minorou a ocorrência de deslizamentos, propiciou a melhora do microclima, e gradualmente recompõe o ecossistema da mata atlântica, mas mesmo com o êxito do projeto e ressurgimento desta floresta urbana, a oposição favela e cidade não se encerra.
O reflorestamento no Morro da Babilônia é um modelo exitoso que pode ser aprimorado e replicado de acordo com outras necessidades e realidades locais. O Mutirão Reflorestamento é uma forma de refletir e agir sobre o espaço urbano em diálogo com o ambiente, reconhecendo a positiva interação entre comunidades e o poder público.
O Mutirão Reflorestamento obteve reconhecimento nacional e internacional, como a seleção no Projeto Megacidades da ONU em 1990, compondo a publicação Environmental Innovation for Sustainable Mega-Cities: Sharing approaches that work, e o prêmio Projeto Modelo pelo Society for Ecological Restoration em 1999, dentre outros. Em mais de trinta anos de reflorestamento o projeto foi reproduzido em 92 bairros, mais de 10 milhões de mudas foram plantadas em morros e encostas da cidade do Rio de Janeiro.
Sources
Sedrez, Lise; Barbosa, Natasha Augusto. Narrativas na Babilônia: Uma experiência de história oral e história ambiental, reflorestamento e comunidade (1985-2015). In: MAIA, Andréa Casa Nova. (org.). História Oral e Direito à cidade: Paisagens urbanas, narrativas e memória social. São Paulo: Letra e Voz, 2019. p. 79-99.
Barbosa, Natasha Augusto. Os jardins suspensos do Morro da Babilônia: o mutirão reflorestamento na perspectiva da história ambiental urbana (1985-2015)130 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de História, Programa de Pós-Graduação em História Social, 2020.
Mutirão de Reflorestamento celebra 33 anos com mais de dez milhões de mudas plantadas em morros e encostas. Prefeitura do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 20 de junho de 2021. Disponível em:< https://prefeitura.rio/meio-ambiente/mutirao-de-reflorestamento-celebra-33-anos-com-mais-de-dez-milhoes-de-mudas-plantadas-em-morros-e-encostas/>. Acesso em: 20 de agosto de 2021.
Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Refloresta Rio: Programa de Reflorestamento do Município do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://storymaps.arcgis.com/stories/7afa6040cd4e46b48720e280b7238434>. Acesso em: 20 de agosto de 2021.